A história do concreto remonta à Roma Antiga, há aproximadamente 2000 anos atrás. A mistura de pedra calcária, cinza vulcânica e água do mar, conhecida como “Concreto Romano”, possibilitou a construção de aquedutos, estradas e templos, muitos deles ainda de pé. Algum tempo atrás descobriu-se que essa mistura original forma um mineral chamado tobermorita aluminosa, que se torna mais forte com o passar do tempo.
Desde então, o concreto sofreu diversas inovações. Seu produto base, o cimento Portland, feito a partir de pedra calcária aquecida à temperatura de 1.450°C, foi patenteado ainda no século XIX. Cabe mencionar que o concreto, sozinho, é naturalmente quebradiço. Foi Joseph Monier, um jardineiro francês, quem desenvolveu o concreto armado, que combina a capacidade à tração do metal e à compressão do concreto para suportar cargas elevadas. O traço correto entre cimento, areia, brita e água, com armaduras metálicas posicionadas nos locais adequados, vem permitindo estruturas arrojadas e sólidas desde então.
Ainda que registros históricos mostrem que os próprios romanos já utilizavam crinas de cavalos para reduzir as retrações e trincas de suas estruturas, incluir fibras na mistura do concreto, dispensando as armaduras, começou a ser testado há cerca de 50 anos na Europa. Fibras naturais, metálicas (de aço), sintéticas (polímeros) e minerais (carbono ou vidro) são as utilizadas para esse fim. Elas atuam no concreto para controlar as rachaduras devido à retração plástica e pela secagem e reduzem a permeabilidade do concreto. Quando a estrutura sofre a ação de cargas externas, mudanças na temperatura ou umidade do ambiente, as fibras não permitem que as fissuras cresçam tanto, atravessando-as e criando micros reforços estruturais. Em suma, as fibras melhoram substancialmente o comportamento dos concretos e argamassas frente a tensões de tração e de cisalhamento, nos quais o concreto apresenta baixa resistência.
Utilizando um método de fabricação semelhante, o GFRC (Glass Fiber Reinforced Concrete) é constituído por uma argamassa de cimento, areia, fibra de vidro álcali resistente e água. A plasticidade é das qualidades mais marcantes do material, o que possibilita moldar painéis de fachada exatamente de acordo com o projeto de arquitetura, também permitindo a produção de peças mais esbeltas e, portanto, mais leves. Para se ter uma ideia, esse é o material utilizado na envoltória do Centro Heydar Aliyev, de Zaha Hadid Architects e vem sendo utilizado para executar as complexas formas da Igreja da Sagrada Família, de Gaudí.
Algumas empresas já vem desenvolvendo produtos aproveitando as propriedades das fibras no concreto. Além de paineis de fachadas e até mobiliários, as aplicações dos concretos reforçados com fibras já são muito associadas a obras de infraestrutura de saneamento básico e transportes, como pavimentação e túneis, além de pavimentos rígidos, pisos industriais, contenção de encostas, reforço estrutural. Mas é importante mencionar que apesar da aplicação abrangente, o material requer controle laboratorial rígido e conhecimento técnico para a produção.